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É comovente ver como Deus não só respeita a liberdade
humana, mas parece ter necessidade dela
Nós temos a possibilidade de
tomar, neste dia, a decisão mais importante da nossa vida, aquela que nos abre
de par em par os portões da eternidade: acreditar! Acreditar que “Jesus morreu pelos nossos pecados e
ressuscitou para a nossa justificação” (Rm 4, 25).
Que
extraordinário! Esta Sexta-feira Santa, celebrada no ano Santo da Misericórdia.
E onde mais poderemos encontrar tamanha misericórdia que não seja nos braços
abertos do nosso Redentor despendido por amor no madeiro de uma cruz? Ali, Ele,
o Cristo Salvador esgotou em si toda a sua capacidade de amar. Ele deu tudo de
si para redimir a humanidade de seus pecados.
O Frei
Raniero Cantalames, na meditação da Celebração da Paixão do Senhor no
Vaticano em 2013 lembrou-nos uma homilia pascal do século IV, em que o
bispo proclamava estas palavras excepcionalmente contemporâneas e, de certa
forma, existenciais: “Para cada homem, o princípio da
vida é aquele a partir do qual Cristo foi imolado por ele. Mas Cristo se imola
por ele no momento em que ele reconhece a graça e se torna consciente da vida
que aquela imolação lhe proporcionou.”
É
comovente ver como Deus não só respeita a liberdade humana, mas parece ter
necessidade dela, veja o início da existência terrena do Filho de Deus está
marcado por um duplo “sim” à vontade salvífica do Pai: o de Cristo e o de
Maria. Pois foi a partir do momento em que a Virgem respondeu ao anjo: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em
mim segundo a tua palavra”(Lc 1, 38), é que o Verbo eterno do Pai começou a
sua existência humana no tempo.
Da
mesma forma é comovente também, ter diante dos nossos olhos hoje, que a nossa
salvação está marcada por um duplo “sim”: o sim de Cristo dado numa cruz e o
sim de cada um de nós.
É
certo que muitos ainda não acreditam e não possuem a esperança de que Cristo
provavelmente seja seu resgate, sua salvação. Portanto, poderá ser. Não se pode
excluir totalmente que seja. Mas, querido irmão não crente, se de fato a sua
salvação provavelmente não depende de Cristo, você não terá perdido nada; se,
ao contrário, sua salvação passa sim por Cristo, e isso depende da sua adesão,
você terá perdido tudo!
A cruz
de Cristo é motivo de esperança para todos, especialmente, nesse ano Santo da
Misericórdia temos uma ocasião de graça também para aqueles que não acreditam, mas
que buscam um sentido maior para si. Pois
“o homem pode suportar tudo, menos a falta de um sentido.” Dr. Viktor Frankl.
E foi
justamente nessa busca por um sentido que Saulo, Agostinho e tantos outros,
encontraram-se com Cristo. Deus é capaz de fazer de seus negadores mais
obstinados os apóstolos mais apaixonados. Que havia feito Saulo de Tarso para
merecer aquele encontro extraordinário com Cristo?
Deus
tem uma medida de juízo diferente da nossa… Ele não se cansa de nos perdoar e
de buscarmo-nos, “de
tal modo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo
3, 16).
Ele
salva ainda quem em vida tenha se erguido a combatê-lo. Sim, devemos nos
preparar para as surpresas a esse respeito, nós crentes. “Quantas ovelhas estão fora do
redil”,exclama Agostinho, “e quantos lobos dentro!”: “Quam
multae oves foris, quam multi lupi intus!
Portanto,
crentes e não crentes, o convite à conversão é para todos! E encerro da mesma
forma que iniciei dizendo-vos que nós temos a possibilidade de tomar neste dia,
a decisão mais importante da nossa vida, aquela que nos abre de par em par os
portões da eternidade: acreditar! Acreditar que debaixo do céu nenhum outro
nome há salvação, a nenhum outro nome foi dado aos homens, pela qual devamos
ser salvos. Atos 4, 12.
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