«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Que extraordinário! Esta Sexta-feira Santa, celebrada no Ano Santo da Misericórdia

Foto Wikipédia
É comovente ver como Deus não só respeita a liberdade humana, mas parece ter necessidade dela

Nós temos a possibilidade de tomar, neste dia, a decisão mais importante da nossa vida, aquela que nos abre de par em par os portões da eternidade: acreditar! Acreditar que “Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação” (Rm 4, 25).
Que extraordinário! Esta Sexta-feira Santa, celebrada no ano Santo da Misericórdia. E onde mais poderemos encontrar tamanha misericórdia que não seja nos braços abertos do nosso Redentor despendido por amor no madeiro de uma cruz? Ali, Ele, o Cristo Salvador esgotou em si toda a sua capacidade de amar. Ele deu tudo de si para redimir a humanidade de seus pecados.
O Frei Raniero Cantalames,  na meditação da Celebração da Paixão do Senhor no Vaticano em 2013 lembrou-nos  uma homilia pascal do século IV, em que o bispo proclamava estas palavras excepcionalmente contemporâneas e, de certa forma, existenciais: “Para cada homem, o princípio da vida é aquele a partir do qual Cristo foi imolado por ele. Mas Cristo se imola por ele no momento em que ele reconhece a graça e se torna consciente da vida que aquela imolação lhe proporcionou.” 
É comovente ver como Deus não só respeita a liberdade humana, mas parece ter necessidade dela, veja o início da existência terrena do Filho de Deus está marcado por um duplo “sim” à vontade salvífica do Pai: o de Cristo e o de Maria. Pois foi a partir do momento em que a Virgem respondeu ao anjo: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”(Lc 1, 38), é que o Verbo eterno do Pai começou a sua existência humana no tempo.
Da mesma forma é comovente também, ter diante dos nossos olhos hoje, que a nossa salvação está marcada por um duplo “sim”: o sim de Cristo dado numa cruz e o sim de cada um de nós.
É certo que muitos ainda não acreditam e não possuem a esperança de que Cristo provavelmente seja seu resgate, sua salvação. Portanto, poderá ser. Não se pode excluir totalmente que seja. Mas, querido irmão não crente, se de fato a sua salvação provavelmente não depende de Cristo, você não terá perdido nada; se, ao contrário, sua salvação passa sim por Cristo, e isso depende da sua adesão, você terá perdido tudo!
A cruz de Cristo é motivo de esperança para todos, especialmente, nesse ano Santo da Misericórdia temos uma ocasião de graça também para aqueles que não acreditam, mas que buscam um sentido maior para si. Pois “o homem pode suportar tudo, menos a falta de um sentido.” Dr. Viktor Frankl.
E foi justamente nessa busca por um sentido que Saulo, Agostinho e tantos outros, encontraram-se com Cristo. Deus é capaz de fazer de seus negadores mais obstinados os apóstolos mais apaixonados. Que havia feito Saulo de Tarso para merecer aquele encontro extraordinário com Cristo?
Deus tem uma medida de juízo diferente da nossa… Ele não se cansa de nos perdoar e de buscarmo-nos, “de tal modo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3, 16).
Ele salva ainda quem em vida tenha se erguido a combatê-lo. Sim, devemos nos preparar para as surpresas a esse respeito, nós crentes. “Quantas ovelhas estão fora do redil”,exclama Agostinho, “e quantos lobos dentro!”: “Quam multae oves foris, quam multi lupi intus!
Portanto, crentes e não crentes, o convite à conversão é para todos! E encerro da mesma forma que iniciei dizendo-vos que nós temos a possibilidade de tomar neste dia, a decisão mais importante da nossa vida, aquela que nos abre de par em par os portões da eternidade: acreditar! Acreditar que debaixo do céu nenhum outro nome há salvação, a nenhum outro nome foi dado aos homens, pela qual devamos ser salvos. Atos 4, 12.

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