«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A VIDA DE OZANAM ( I )

A Direcção do Conselho de Zona Gaia Norte, na auscultação em conversa com vários confrades, tem vindo a sentir por parte deles, alguma necessidade de proporcionar alguns temas que sirvam de formação e informação e reflexão para os mais novos e para recordar aos mais antigos, os objectivos que norteiam a actividade de vicentinos entre si, e na recolha de conhecimentos da vida e obras de São Vicente de Paulo e Beato Frederico Ozanam.
Assim, decidimos proporcionar a todos vicentinos alguns temas retirado do site "Somos Vicentinos" da Vida de Ozanam. Os temas são dezasseis. 

O seu tempo de leitura demorá por volta de 6 minutos.


Vida de Ozanam (I)
Origens

No dia 1º de maio de 1813 era levada à pia baptismal, na igreja da Santa Maria dos Servos, em Milão, uma
criança do sexo masculino, nascida a 23 de abril; tomou, então, o nome de António Frederico Ozanam, quinto filho de João António Ozanam e Maria Nantas, ali residentes, vindos de Lião, na França, de onde haviam emigrado para conseguir trabalho. João António alcançou isso, primeiro como professor e, depois, como médico.
João Ozanam tinha lutado nos exércitos de Napoleão, chegando a Capitão. Muito valente, certa vez,
acompanhado de dois cavalariános, arrebatou seu pai das mãos dos jacobinos, que o tinham aprisionado e o iam condenar à morte.
Inconformado por se ter Napoleão feito Imperador, abandonou a carreira militar, tentando o comércio, sem êxito, falta de habilidade. Mudou-se para Milão, conseguindo formar-se em Medicina, chegando a ocupar a chefia clínica do Hospital Militar da cidade.
Quando os franceses abandonaram Milão, João António regressou a Lião, ali impondo-se facilmente,
conquistando por concurso o cargo de médico da Santa Casa e alcançando grande clientela.
Apesar dessa posição destacada, ocupava-se com a esposa em socorrer os pobres, visitando-os nos seus
casebres e águas furtadas, assim procedendo os dois até muito idosos.
Dos 14 filhos do casal faleceram quase todos na infância, sobrevivendo com Ozanam, Afonso (padre) e Carlos (médico).
O menino Frederico era franzino e doente, o que concorria para aumentar os cuidados que a ele dedicavam sua mãe e sua irmã Elisa, que morreu aos 18 anos. Acometido de tifo, aos seis anos, este à morte, escapando graças à assistência desvelada das duas e a uma promessa a São Francisco de Régis. Essa dedicação recordava Ozanam depois, dizendo “Meus bons pais não me largaram a cabeceira durante 15 dias e 15 noites”.
Como consequeência das atenções de que era cercado, o menino Ozanam apresentava vez por outra atitudes de rebeldia, de que ele mesmo se acusou, escrevendo mais tarde ter sido, pelos oito anos, “colérico, desobediente, e preguiçoso”. Havia nessa confissão algo de exagero, pois, segundo depoimento de seu irmão, padre Afonso,  ele era às vezes intratável, mas, “de pureza angélica, impecável sinceridade e cheio de compaixão pelos sofredores, repelindo o mal e acolhendo o bem”. 

Facilidade nos estudos 

Apesar de franzino e doente, Frederico, desde os primeiros anos, demonstrou inteligência viva, acompanhando, com atenção os estudos os irmãos mais velhos, chegando a repetir integralmente passagens das lições deles.
Aos nove anos entrou para o Colégio Real de Lião, ali despertando sua vocação literária. Ele atribuía essa
inclinação para as letras à influência de sua mãe, auxiliada pela irmã Elisa, “tornando as lições verdadeiro
prazer”. Não esquecia também a influência do pai. Maria Nantas era inteligente e culta, dando aos filhos sólida formação cristã, e isso Ozanam recorda, ao escrever mais tarde, que “foi sobre seus joelhos que aprendi vosso temor, Senhor, e sob seu olhar, o vosso amor”. De sua primeira comunhão conservou suaves recordações, afirmando: “Ó dia feliz! Que minha língua fique pregada no céu da boca se jamais te esquecer!” E acrescenta que todos notaram como ele se tornara modesto e dócil.
No Colégio, Frederico despertava entre seus mestres a maior admiração, distinguindo-se pela facilidade com que aprendia as lições. Destacava-se pelo brilho da inteligência e beleza dos sentimentos. Parecia trazer inatas as centelhas da poesia e eloquência. Ainda não atingira os 13 anos e já compunha em prosa e verso, tanto em francês como em latim, verdadeiras maravilhas. Muitas dessas composições enfeixavam mistérios da vida de Jesus e louvores à Virgem Santíssima.

Dúvidas de Fé

Foi em plena adolescência, que Frederico sentiu turvar-se o céu de sua fé com nuvens perigosas, agitadas pelas rajadas da dúvida religiosa.
Ele pagava com esse tormento o despertar precoce de suas actividades intelectuais. Discutia consigo mesmo, em desespero, os dogmas sagrados, e tinha a impressão de esmagá-los com as mãos. Cercado de incrédulos, que disso se gabavam, perguntava-se por que tinha fé. Com isso torturava-se ansioso.
Embora duvidando, ele confiava em Deus, e, entretanto numa igreja, diante do Santíssimo Sacramento,
prometeu, se alcançasse penetrar a verdade, consagrar sua vida inteira à defesa da fé. E Deus mandou-lhe, em auxílio, o célebre Padre Noirot, que conseguiu, em pouco tempo, segundo o próprio Ozanam, restituir-lhe a solidez da razão bem esclarecida, que a ele aderia, criando raízes, para resistir à torrente da dúvida. Passou à sentir, então, profunda pena dos incrédulos.
Âncora de salvação para a alma atormentada do jovem Frederico, o Padre Noirot era um desses educadores de fina raça, que penetrava com subtileza os pensamentos e dúvidas da juventude, quando esta tentava delinear os segredos do futuro. Professor de filosofia no Colégio de Lião durante vinte anos, procedia como Sócrates.
Gravou forte impressão na jovem e brilhante geração da época.
Ozanam tornou-se seu discípulo predilecto, acompanhando-o em longos passeios por caminhos solitários.

Conclusão dos estudos secundários. 

Aos 16 anos concluiu Frederico Ozanam seus estudos secundários; seu pai que vinha acalentando a ideia de vê-lo seguir a magistratura, colocou-o como praticante no escritório de advocacia de seu amigo, Dr. Coulet.
Embora não gostando da carreira jurídica, pois sua vocação era a literatura, submeteu-se ele aos desígnios
paternos e passou a copiar sentenças ou a ler extensos calhamaço, cheios de fraseologia tabelioa em tudo
imprópria a uma carreira literária.
Ao mesmo tempo em que se esforçava para adaptar-se à rotina das actividades notariais, Ozanam frequentava aulas de alemão e desenho, que lhe sentiam como janelas para o mundo das ideias e das artes. No entanto, fosse no escritório de advocacia ou nas lições de alemão, seus companheiros de trabalho ou de estudos distraíam-se com conversas imorais e ainda procuravam atormentar o jovem com insinuações abomináveis. Ozanam resolveu terminar com aquelas provocações.
Numa ocasião, quando mais se acentuavam as provocações perversas dos companheiros, primeiro no escritório, depois na classe, Ozanam, vencendo sua timidez e sua modéstia, encheu-se de energia e, com palavras incisivas, reduziu o grupo ao silêncio, embora com calma e persuasão. Afirmou sua fé católica e, dentro dessa afirmação, procurou convencer os rapazes de seus erros, sem ofendê-los ou desprezá-los, com isso conquistando a amizade de todos e acabando com as conversas indesejáveis.

Combate ao “Cristianismo Novo”

Depois de 1830 foi Lião invadida pela pregação de uma nova doutrina, intitulada de “Cristianismo Novo”, surgida em Paris, invenção do conde Saint-Simon, que adquiriu muitos adeptos. Nada mais era do que uma deturpação do Catolicismo, transformado em reivindicações económicas e políticas.
Era o surgimento do Socialismo, embora Saint-Simon não tivesse empregado a palavra, adoptada depois pelo economista inglês Roberto Owen. Ozanam, apesar dos seus 17 anos, resolveu combater a investida
sansimoniana.
Sentindo o perigo daquela mistura de Cristianismo com Socialismo, Ozanam escreveu um vibrante artigo
publicado no “Precurseur”, que apoiava a nova religião. Nele, destruía as mentiras do sansimonismo, dizendo: “A História o desmente e a consciência da humanidade o reprova; o senso comum o repudia. Contraditório em seu princípio, seria desastroso, ao mesmo tempo que impossível, no seu final, fazendo recuar para longe o género humano no rumo do progresso e da civilização”.
O artigo, depois enfeixado em folheto com o título de “Reflexões Sobre a Doutrina de Saint-Simon”, alcançou repercussão extraordinária, com elogios exultantes de grandes escritores da época, como Lamartine, Chateaubriand ou sábios como Ampère.
Outro qualquer se teria enchido de orgulho, mas o moço estreante sentia que não era homem de vanglorias mas de encontrar-se a si mesmo, aplicando aos seus actos “a regra do amor: amor de Deus e do próximo”.


domingo, 3 de novembro de 2013

Apoio para Emergência Social em Gaia

A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia colocou à disposição dos municípios e destinada a pessoas com carências especiais um Serviço de Apoio Municipal para Emergência Social.
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