Pai Américo - foi há 60 Anos
Foi
há 60 anos que Pai Américo partiu. Quando disse, antes de partir, «a minha Obra
começa quando eu morrer», deixou-nos claro, pela sua e nossa fé, que a sua
partida não se traduzia num corte radical com a realidade que deixava. Poderia,
por outras palavras, ter dito: «Eu parto, mas continuo, antes vou começar uma
nova maneira de trabalho nesta Obra que, um dia, Deus por mim fez nascer,
porque me encheu de fome e sede de justiça por aqueles para quem não se olhava
nem se cuidava. A minha missão de «recoveiro dos pobres», que cumpri, entrego-a
totalmente a vós que a continuais como eu a comecei e fiz crescer. Estarei
junto d’Aquele que a pensou, a acalentou e tudo Providenciou, a fim de que vós,
que a abraçastes e vos dais inteiramente a ela, não vos guies pelo tino da
evidência das realidades, mas pela loucura da fé no divino: o «padre da rua» «é
um obreiro do Senhor que vê a Obra feita antes de começada».
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anos é muto tempo para a vida humana, mas, a obra continua e vai certamente
continuar porque o homem também é generoso. Foram anos transformando um pedaço
do tempo «que não para», que muitas vidas se doaram e gastaram, entrem muitos
(padres, senhoras, e os rapazes), nesta missão de cuidar dos Pobres à maneira
de Pai Américo: do Rapaz de rua, do Doente incurável, dos Pobres de muitas
outras pobrezas e também dos que não as tendo a condicionar-lhes a vida,
perceberam que nas palavras, no testemunho e nas acções de Pai Américo e dos que
o seguiram, mereciam um enriquecimento para a vida, de ânimo, de luz, de
verdade e de eternidade. É assim que a Obra da Rua aquilo que explicitamente aparece.
Há um dentro e um de fora, duas realizações do seu ser família. Delas, uma
complementaridade irrompe, de meios e de contributos para a realização vital de
uns e de outros, pois a família é um dom e uma capacidade dados ao ser humano
para que, na inter-relação, reciprocidade e complementaridade, alcance o
desiderato na sua vida, que tem como meta última, pertencer, em pleno, à
Família do Criador. Por este anseio, Pai Américo suspirou, exprimindo-se assim:
«eu que os meus filhos no Céu». «Somos a família para os sem família».
Nota:
o texto é longo e por hoje ficamos prometendo continuar…
Dados biográficos:
Fundador da Obra "Os
Meninos de Rua", colocando o seu altruísmo ao serviço dos mais necessitados.
Nasceu a 13 Outubro de
1887, em Galegos,
Penafiel. Faleceu
a 16 Julho 1956, vítima de um acidente de viação.
Apesar da sua vocação
sacerdotal teve de enfrentar a oposição do seu pai que o conduziu para a área
do comércio.
Trabalhou em Moçambique
vários anos e regressou a Portugal em 1923, onde decidiu enveredar
definitivamente pela vida sacerdotal. Ingressou no Seminário de Coimbra, em
1925 e a sua ordenação sacerdotal ocorreu em Julho de 1929.
Durante algum tempo,
encarregou-se da "Sopa dos Pobres", em Coimbra, concelho onde fundou
a primeira "Casa do Gaiato" - em Miranda do Corvo - no ano de 1940.
A de Penafiel viria a ser
construída na freguesia de Paço de Sousa, em 1943. Da sua obra destacam-se
ainda um lar de estudantes no Porto, fundado em 1945; o "Património dos
Pobres" dedicado às famílias sem casa, em 1951 e o Calvário destinado aos
doentes incuráveis e abandonados, em 1957.
Referência, ainda, para a
fundação do jornal "O Gaiato" cujos artigos contam com a participação
dos "Meninos de Rua".
Atualmente, as oito Casas
do Gaiato existentes (cinco em Portugal, duas em Angola e uma em Moçambique)
ainda continuam a acolher crianças e jovens privados de uma vida familiar
normal.
Da sua obra literária,
destaque para os seguintes títulos: "Pão dos Pobres", "Obra da
Rua", "Isto é Casa do Gaiato", "Barredo",
"Viagens", "Doutrina", "Ovo de Colombo" e "O
Fundamento da Obra da Rua e Teor dos seus Obreiros", reconhecida como seu
testamento espiritual.
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