«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

domingo, 23 de agosto de 2015

Modelo Familia Vicentina - Léon Papin Dupont

Léon Papin Dupont
«O Santo Homem de Tours»

  A vida de intensa piedade e de confiança absoluta no poder da oração, que caracterizou o «Santo Homem de Tours», também conhecido pelo «Servo da Santa Face» e pelo «Traumaturgo de Tours», tentou os biógrafos a um dos quais, L. Baudiment, Superior do semanário Maior de Tours, vamos respigar alguns traços marcantes de tão extraordinária influência sobrenatural, desenvolvida no século de Taine e de Renan.
  Nasceu ma Martinica, de família nobre, originária da Bretanha . Papin di Pontcallec - que ele, modestamente e apenas interessado na genealogia que o tonava filho de Deus e irmão de Nossa Senhor e dos Santos, simplificou para o banalíssimo «Dupont».
  Feitos os primeiros estudos na escola local, seguiu para os EUA e logo que voltou a paz ao mares, para França onde no Colégio de Pontlevoy, deu as primeiras provas de carácter: surpreendido um dia o curso que fazia parte, em flagrante atitude de distúrbio no tempo de estudo, de entre os vinte e nove alunos, apenas Léon se acusou, o que mereceu ao professos este dito de espírito, no momento em que tocava para o recreio: «Oh meu rico menino, não merece ficar aqui misturado com estes companheiros tão bem comportados; vá para o recreio».
  Em Paris cursou direito e licenciou-se em 1821. Paralelamente à sua vida de trabalho e de piedade, que nunca abandonou, no meio daquela sociedade voltairiana, levou ali vida bastante mundana: bonito rapaz, de elevada estatura e maneiras distintas, rico e de boa família, foi notado na sociedade elegante como cavaqueador, dançarino e boa mão de rédea. Até que soou a hora em que Deus lhe fez compreender o lado sério da vida cristã: data dái aquilo a que, pela vida fora ficou sempre a chamar «sua conversão», nascida da curiosidade que o levou a acompanhar um jockey admitido ao seu serviço, para assistir a uma sessão da obra dos «Petits Savoyards»; fica maravilhado com a existência, naquela hora conturbada, de cristãos que sacrificam a sua liberdade à salvação do próximo, indo ensinar catequese e isto decide-o entrar para a chamada «Congregação», criadora das obras dos hospitais, das prisões, dos pequenos Saboianos e de S. Francis Régis.
  Começa então a praticar o Confissão e Comunhão hebdomadárias, esforça-se por dominar o génio, naturalmente violento, e tem rasgos de extrema generosidade e sacrifício heróico: um dia entra numa papelaria no momento em que os credores se precipitam sobre o proprietário, pobre homem, carregado de família, que suspendera pagamentos, por falta de 1.500 francos. Dupont, informado, diz apontando para a rua: «pegue ao meu cavalo e no tilbury, venda e pague»,o que foi feito.
  Do casamento nasce uma filha, mas oito meses decorridos a mãe é levada pela tuberculosa e só a fé consegue sustentar a amargura do pai. A saúde e a educação da filha levam-no a partir de França, para o que pede no Tribunal um licença, logo transformado em demissão.
  Hisitante sobre a sua vocação religiosa, aceita a vontade de Deus:será cristão leigo, disposto a levar a virtude até ao seu meio social, como excelente percusor que foi da Acção Católica. E como a cidade de Tours ficou edificada com a atitude duma das sua figuras mais marcantes, que acompanha o Viático, ajuda à Missa e toma parte em todos os actos de culto!
  Depois de uma caminhada iniciada dedicada à oração, mais adiante do texto é referido é referida a sua vocação pelos pobres: Um dia, procurado por uma pobre ameaçada de despejo e sem ter que lhe dar, entrega-lhe a preciosa caixa de rapé.E, com esse gesto, lucrou mais a perder dum vício.
   E quantos prodígios de caridade encobertamente praticados! Tal o caso duma senhora da Martinica, que perdera toda a fortuna; no entanto, não deixa de receber regularmente géneros coloniais e felicita-se pelo facto de a sua propriedade dar ainda algum rendimento... secreta delicadeza do seu conterrâneo!
  Dedica-se especialmente à visita dos presos e que magníficos frutos colhe então desse apostolado!
  Compreendendo a força da associação, então para a Conferência de São Vicente de Paulo de Tours, em 1844, onde foi o mais assíduo, o mais activo, piedoso e generoso dos vicentinos, pontualíssimo, nunca perde a oração e leitura espiritual. Não apresenta qualquer projecto sem prévio~entendimento com o presidente. Não pôde levar a cabo os seus projectos de organização metódica da visita aos presos e criação duma hospedaria gratuita para pobres, mas toma parte, durante longos anos, no ensino ministrado a cento e cinquenta rapazes e adultos, na aula mantida pela Conferência: requisita para si os mais estúpidos e atura-os com a maior paciência. Da mesma maneira ensina nas obras dos soldados, igualmente a cargo da Conferência e aí é ouvido com todo o respeito pelos soldados, admirados por verem um homem do mundo falar-lhes como ninguém jamais lhes falara.
  Auxilia muitas outras obras: o orfanato de rapazes, onde as hortaliças que encontra na rua vão despejar cestos inteiros, por ele pagos; os missionários de Bouligny (para a evangelização dos populações rurais), instituição à qual doa a sua propriedade de Bouligny; e as Irmazinhas dos Pobres, para as quais conseguiu a fundação duma casa em Tours e a quem presta assistencia constante e generosa.
  Em necessidade de render a Deus o culto que lhe é devido, cria a fundação da obra da Adoração Reparadora. Mas não só a fundou: cotou-a com camas, colchões, cobertores e roupas, sempre impecavelmente limpas, assoalhou o salão, comprou uma estufa, fornecer combustível, lâmpadas, genuflexórios, etc. Criou um registo das intenções comuns, que eram lidas antes da exposição do SSº e, nesse registo marcava com uma cruz as que eram atendidas.
  Tem uma encantadora história a primeira cruz:
  O P. Redon, Superior dos padres da Missão, precisava de quatro mil francos para acudir a embaraços de negócios de um pobre homem: falar a M. Dupont, que inscreveu a inteção no registo para a Adoração dessa noite e lhe disse: «Estou certo de manhã terá esse dinheiro». - às quatro horas de madrugada o P. Redon, dita a Missa da Adoração, tomara a diligência de Orléans: Ao clarear, um seu vizinho, velho amigo, reconheceu-o e entabulou conversa. Na muda disse ao padre: «Ainda bem que o encontrei, pois quero pedir-lhe um serviço: tenho comigo uma quantia para aplicar em boas obras e vai o meu Amigo quem disso se vai encarregar». - E entregou-lhe o dinheiro: eram quatro mil francos!.
  Os anos vão passando, abraçando a oração, que em conjunto com uma família se ajoelham esperando que uma sua filha se cure de uma doença agradecem a grande graça.
  Os últimos dias da vida são de doloroso sofrimento: a doença da gota ataca as mãos, depois as pernas, quase não pode escrever; a paralisia avança mais e mais. Suporta com inteira conformidade o sofrimento, recebe os últimos Sacramentos e responde às orações dos agonizantes, até que, chegando ao salmo »Beati immaculati in via...», um angélico sorriso lhe ilumina os traços pela última vez e descansa no senhor.
Em 1 de Outubro de 1883 o Arcebispo manda abrir o «processo informativo» sobre a heroicidade das virtudes e os milagres do servo de Deus, Léon Dupont, o que se fez imediatamente: em oitenta sessões foram ouvidas inúmeras testemunhas e as actas só foram entregues em 1888.
  Concluído o processo informativo, S.S.o Papa Leão XIII mandou, em 1891, abrir o processo de beatificação; começo os exames escritos o iniciou-se o chamado «processo de não-culto», fase em que se procura averiguar senão terá havido antecipação de culto. Entretanto houve uma longa suspensão e só em 1926 é que S.S.Pio XI permitiu que o processo entrasse na fase definitiva.

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