“Se um grande número de cristãos e particularmente de clérigos, estivessem preocupados com as classes operárias durante os últimos dez anos, estaríamos mais seguros acerca do futuro; e todas nossas esperanças descansam no pouco que foi feito até agora”.
Frederico Ozanam
Frederico Ozanam trabalhou em duas frentes quando se fala
do mundo do trabalho: A Sociedade de São
Vicente de Paulo para suprir as necessidades imediatas provocadas pelo empobrecimento das pessoas e reflexões e questionadas em jornais, tribunais e escritos sobre a política que permitia que a industrialização, Revolução Industrial criasse uma
classe de gente na miséria e extrema pobreza.
O trabalho da SSVP bem o conhecemos. Falta-nos debruçar
sobre seus escritos e pensamentos sobre o mundo do trabalho que influenciou
significativamente a primeira encíclica social de 1891 – Rerum Novarum de Leão XIII.
Procurou lutar
para que houvesse mais justiça e dignidade junto à classe trabalhadora.
Empreendeu os seus esforços sistematizar alguns pontos essenciais nas questões
sociais que beneficiassem àqueles cuja situação de vida digna estava ameaçada.
Como sabemos Frederico Ozanam que foi contra a revolução de 1848 foi
colaborador em dois jornais “Tribune Catholique e um dos fundadores do jornal
Ere Nouvelle”.
Para Frederico
Ozanam era inadmissível considerar os trabalhadores como escravos, “coisas”, ou
como mero instrumentos de lucro para os patrões. Ele, a seu modo, já antevia e
apresentava algumas questões que hoje são realidades, como: aposentação,
assistência social, associação de trabalhadores, condições dignas do trabalho
(ambiente saudável, higiene, segurança…).
Ele não pertencia
à classe trabalhadora, pois era de uma família burguesa. Mesmo assim ele não
deixava de ver esta realidade. Escreveu o seguinte numa carta de 1848:
“Devemos trabalhar
em favor das classes operárias, amontoados em grandes cidade, pisoteadas (calcadas
pelos pés), por um egoísmo que os despreza. Pobres que vivem à margem de uma
sociedade que se autoproclama livre e igual”.
Enfim dizia ele:
“ A questão que hoje agita o mundo não é uma questão de pessoas nem uma questão de formas políticas, senão que é uma questão social; é a luta dos que não tem nada e dos que tem em demasia, é o choque violento da pobreza e da opulência que fez tremer sob nossos pés. É nosso dever, de cristãos, de intervir entre estes inimigos irreconciliáveis e conseguir que reine a igualdade enquanto seja possível entre humanos”
transcrição –
somos vicentinos
Comentário: hoje
passados tantos anos estamos numa nova fase não da era da industrialização mas,
na era da liberdade circulação dos capitais, no negócio fácil e lucrativo, das
ofertas ao lucro fácil sem controlo sem regras. Ainda hoje sabemos como um
poucos anos atrás como se fazia grandes negócios comprava-se barato e vendia-se
depois a preços especulativos. Foi o que aconteceu com o imobiliário. Deu-se as
“bolhas”. Hoje como outrora os trabalhadores continuam a ser classificados como
números, de falta produtividade, da oferta fácil, do convite ao endividamento.
Como disse o
fundador da SSVP, é nosso dever, de cristãos de intervir entre estes inimigos
irresponsáveis. Não deixemos para os nossos netos a obra que cabe a cada um,
com civismo intervir.
Devemos ajudar os
nossos irmãos no cuidado das escolhas, tenhamos-os-olhos-bem-abertos para a
tentação da gula. Se cada um conta-se num guia “O meu bolso diário” dos gastos
que se faz, ao fim de uma semana verificar-mos-ia o dinheiro que gastamos a
mais na maior parto, por belo prazer.
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