«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

sábado, 5 de julho de 2014

Frederico Ozanam: Um olhar para os que sofrem

“A ciência das reformas sociais eficientes não se encontra nos livros nem nas tribunas das Assembleias, mas sim em subir as escadas dos Pobres (descer às favelas e avenidas), sentar-se à cabeceira de suas camas e sofrer com eles o frio e as doenças; levar o Pobre, através de nossa palavra, a conhecer as razões de seu próprio sofrimento”.
António Frederico Ozanam

A caridade organizada nas mãos de Frederico Ozanam e seus companheiros se “desclerizaliza” e se torna leiga e autónoma. Nem por isso se torna menos Igreja de Jesus Cristo.
A caridade os ensinou a voltarem seu olhar para os Pobres não somente através de esmolas. Diz Ozanam:
“Acreditamos em dois tipos de assistência: um que humilha aos assistidos e outro que os dignifica… A Assistência os dignifica quando une o pão que alimenta, a visita que consola, o conselho que ilumina, reunir forças para levantar o ânimo… Quando se trata o Pobre com respeito e não somente como um semelhante, senão como um superior, como a um enviado de Deus para provar nossa justiça e nossa caridade”.
Frederico Ozanam e seus amigos sabiam que a “esmola” não tem por objectivo organizar a questão social, mas que tem por objectivo ajudar a solucionar os problemas emergenciais dos Pobres. A assistência, a promoção e a libertação se complementam.
É este olhar compassivo para com os Pobres que “faz a diferença” na Sociedade de São Vicente de Paulo.
Olhar “mais além” das aparências. Ver os Pobres, com o “olhar” de Deus.
Vejamos outra frase de Frederico Ozanam:
“…Estas massas carinhosamente amadas pela Igreja, porque representam a pobreza que Deus ama e o trabalho que Deus abençoa. Vamos até este povo e ajudemos não somente com a esmola que imobiliza o homem, senão também lhes ajudando a criar suas próprias instituições que os façam melhores ao tornarem-se autónomos”.
Estes jovens da Sociedade de São Vicente de Paulo não criaram uma assistência burocrática, anónima e sem vida. Para eles o essencial no trabalho de caridade era estar face a face com o Pobre, o contacto pessoa a pessoa. Sem este olhar o espírito vicentino se perderia.
E uma vez, lançado este “olhar” sobre os Pobres, já não sabemos por onde seremos conduzidos. Pois a experiência nos mostra que não são nossos projectos que se concretizam e sim a vida do Pobre que dirige nossos passos e acções. O processo se inicia quando voltamos nosso olhar sobre o Pobre e realizamos o encontro.
Quando isto acontece também nos encontramos com Jesus Cristo vivo e sofredor e com as causas estruturais.
Autor: Joelson Cezar Sotem, CM




1 comentário:

  1. A vocação para servir o outro desinteressadamente é uma meta a ser perseguida por nós vicentinos só que precisamos nos espelhar um pouco mais no legado de Ozanam. Seu método de servir aos pobres era através da convivência e de uma cumplicidade sem igual. Hoje percebe-se que não se leva muito a sério essa metodologia.Estamos lutando para motivar nossos Confrades e Consócias a praticar na íntegra esse serviço...

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