“A ciência das reformas sociais eficientes
não se encontra nos livros nem nas tribunas das Assembleias, mas sim em subir
as escadas dos Pobres (descer às favelas e avenidas), sentar-se à
cabeceira de suas camas e sofrer com eles o frio e as doenças; levar o Pobre,
através de nossa palavra, a conhecer as razões de seu próprio sofrimento”.
António
Frederico Ozanam
A caridade os ensinou a voltarem seu olhar para os Pobres não somente através de esmolas. Diz Ozanam:
“Acreditamos
em dois tipos de assistência: um que humilha aos assistidos e outro que os
dignifica… A Assistência os dignifica quando une o pão que alimenta, a visita
que consola, o conselho que ilumina, reunir forças para levantar o ânimo…
Quando se trata o Pobre com respeito e não somente como um semelhante, senão
como um superior, como a um enviado de Deus para provar nossa justiça e nossa
caridade”.
Frederico
Ozanam e seus amigos sabiam que a “esmola” não tem por objectivo organizar a
questão social, mas que tem por objectivo ajudar a solucionar os problemas
emergenciais dos Pobres. A assistência, a promoção e a libertação se
complementam.
É
este olhar compassivo para com os Pobres que “faz a diferença” na Sociedade de
São Vicente de Paulo.
Olhar
“mais além” das aparências. Ver os Pobres, com o “olhar” de Deus.
Vejamos
outra frase de Frederico Ozanam:
“…Estas
massas carinhosamente amadas pela Igreja, porque representam a pobreza que Deus
ama e o trabalho que Deus abençoa. Vamos até este povo e ajudemos não somente
com a esmola que imobiliza o homem, senão também lhes ajudando a criar suas
próprias instituições que os façam melhores ao tornarem-se autónomos”.
Estes
jovens da Sociedade de São Vicente de Paulo não criaram uma assistência
burocrática, anónima e sem vida. Para eles o essencial no trabalho de caridade
era estar face a face com o Pobre, o contacto pessoa a pessoa. Sem este olhar o
espírito vicentino se perderia.
E
uma vez, lançado este “olhar” sobre os Pobres, já não sabemos por onde seremos
conduzidos. Pois a experiência nos mostra que não são nossos projectos que se
concretizam e sim a vida do Pobre que dirige nossos passos e acções. O processo
se inicia quando voltamos nosso olhar sobre o Pobre e realizamos o encontro.
Quando
isto acontece também nos encontramos com Jesus Cristo vivo e sofredor e com as
causas estruturais.
A vocação para servir o outro desinteressadamente é uma meta a ser perseguida por nós vicentinos só que precisamos nos espelhar um pouco mais no legado de Ozanam. Seu método de servir aos pobres era através da convivência e de uma cumplicidade sem igual. Hoje percebe-se que não se leva muito a sério essa metodologia.Estamos lutando para motivar nossos Confrades e Consócias a praticar na íntegra esse serviço...
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