Vigésimo
Primeiro Domingo do Tempo Comum
Leituras: Is 66,18-21; Heb
12,5-7.11-13; Lc 13,22-30
“Há últimos que serão dos primeiros e
primeiros que serão os últimos”
-----------------------------------------------------
Reflexão vicentina --------------------------------------------
“Há últimos que serão dos primeiros e primeiros
que serão os últimos”. Sempre Que eu escuto estas palavras de Jesus, eu me
lembro da história de alguns santos da Igreja. Quantos deles foram considerados
os “últimos em sus vidas! Pedro e Paulo foram presos, crucificados,
decapitados. Jesus foi crucificado, exposto a humilhações e só foi reconhecido
fisicamente como ressuscitado e vencedor da morte, pelos seus discípulos.
Sempre falamos em nossas reflexões de São Vicente e dos santos vicentinos.
Hoje, gostaria de refletir sobre São Francisco de Assis, aquele que, em sua
vida foi considerado pelos homens um fracassado, um “último”; e, por demonstrações
divinas, tornou-se um “primeiro”. Ele é uma expressão das leituras deste
domingo.
São Francisco largou a sua carreira de
comerciante e abriu mão da sua herança: ele preferiu “entrar pela porta
estreita”. Imaginem se, nos dias de hoje, um jovem rico decide abrir mão de sua
riqueza e literalmente “ficar nu” diante das pessoas. Seria considerado um
louco e um fracassado: as pessoas diriam dele que “não tem muito jeito para
nada, nem para negócios”.
São Francisco decidiu que o sentido da sua vida era
evangelizar com palavras e com o exemplo. Ele foi um dos “sobreviventes
enviados (…) para que anunciem a glória de Deus entre as nações”, como indica o
Livro de Isaías. Novamente, foi considerado um fracasso: houve um temo eu que
ninguém escutava a sua pregação e ele Passou a falar aos pássaros.
São Francisco foi humilde, mas audacioso. Em um
tempo (século 13) em que o Papa e a Igreja eram criticados por se misturar com
o poder, com o luxo e com o materialismo, caminhou até Roma com seus poucos
seguidores para pedir pessoalmente ao Papa que sua congregação fosse
autorização a pregar o Evangelho. Para surpresa dele, o Papa o recebeu como um
profeta: Francisco conseguiu ver e resgatar o que existia de bom no interior
das pessoas!
Em sua fraqueza, Francisco vê a sua congregação
perder o “espírito primitivo”. Ao retomar de sua viagem, quase morto por
cansaço e pela sua doença, é “traído por seus irmãos e retirado da liderança da
congregação que fundara. Este é, talvez, o momento em que São Francisco mais parecia
estar “fracassado” aos olhos dos homens: imagine se você fosse expulso ou
questionado pela Conferência vicentina que mesmo fundou! Em um exemplo
contundente da Carta aos Hebreus de que “o Senhor corrige aquele que ama”,
Francisco não luta para resgatar a posição que era sua: simplesmente se
abandona nas mãos do Senhor em oração eremítica. É um novo momento de desapego
Franciscano (o primeiro foi o abandono dos bens e a nudez). Neste momento, Deus dá a ele os sinais das
chagas de Cristo, que são marcados em suas mãos, pés e lado: foi a primeira vez
que isso aconteceu. Toda a vida de Francisco e, em particular, este milagre,
foi uma demonstração clara de ele foi um “último” que se transformou no
“primeiro”.
Como vicentinos, às vezes somos considerados um
“fracasso”, porque abandonamos as coisas do mundo e vamos ao encontro dos
Podres ou defendemos a Sua justiça, enquanto o “bom senso” nos levaria a
dedicar nosso tempo a ganhar mais dinheiro poder ou glória. São momentos de
profundo conteúdo evangélico. Nestes momentos, somente a relação direta com o Espírito
Santo que está dentro de nós pode “marcar nossa vida com as chagas do Cristo”,
fazendo com que nos sintamos os “últimos” do mundo e os “primeiros” de Deus.
Sem comentários:
Enviar um comentário