«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

domingo, 18 de agosto de 2019

Reflexão vicentina - dia 25 - 08 2019


                                     Vigésimo Primeiro Domingo do Tempo Comum
       Leituras: Is 66,18-21; Heb 12,5-7.11-13; Lc 13,22-30
“Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão os últimos”

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“Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão os últimos”. Sempre Que eu escuto estas palavras de Jesus, eu me lembro da história de alguns santos da Igreja. Quantos deles foram considerados os “últimos em sus vidas! Pedro e Paulo foram presos, crucificados, decapitados. Jesus foi crucificado, exposto a humilhações e só foi reconhecido fisicamente como ressuscitado e vencedor da morte, pelos seus discípulos. Sempre falamos em nossas reflexões de São Vicente e dos santos vicentinos. Hoje, gostaria de refletir sobre São Francisco de Assis, aquele que, em sua vida foi considerado pelos homens um fracassado, um “último”; e, por demonstrações divinas, tornou-se um “primeiro”. Ele é uma expressão das leituras deste domingo.

São Francisco largou a sua carreira de comerciante e abriu mão da sua herança: ele preferiu “entrar pela porta estreita”. Imaginem se, nos dias de hoje, um jovem rico decide abrir mão de sua riqueza e literalmente “ficar nu” diante das pessoas. Seria considerado um louco e um fracassado: as pessoas diriam dele que “não tem muito jeito para nada, nem para negócios”.

São Francisco decidiu que o sentido da sua vida era evangelizar com palavras e com o exemplo. Ele foi um dos “sobreviventes enviados (…) para que anunciem a glória de Deus entre as nações”, como indica o Livro de Isaías. Novamente, foi considerado um fracasso: houve um temo eu que ninguém escutava a sua pregação e ele Passou a falar aos pássaros.

São Francisco foi humilde, mas audacioso. Em um tempo (século 13) em que o Papa e a Igreja eram criticados por se misturar com o poder, com o luxo e com o materialismo, caminhou até Roma com seus poucos seguidores para pedir pessoalmente ao Papa que sua congregação fosse autorização a pregar o Evangelho. Para surpresa dele, o Papa o recebeu como um profeta: Francisco conseguiu ver e resgatar o que existia de bom no interior das pessoas!

Em sua fraqueza, Francisco vê a sua congregação perder o “espírito primitivo”. Ao retomar de sua viagem, quase morto por cansaço e pela sua doença, é “traído por seus irmãos e retirado da liderança da congregação que fundara. Este é, talvez, o momento em que São Francisco mais parecia estar “fracassado” aos olhos dos homens: imagine se você fosse expulso ou questionado pela Conferência vicentina que mesmo fundou! Em um exemplo contundente da Carta aos Hebreus de que “o Senhor corrige aquele que ama”, Francisco não luta para resgatar a posição que era sua: simplesmente se abandona nas mãos do Senhor em oração eremítica. É um novo momento de desapego Franciscano (o primeiro foi o abandono dos bens e a nudez). Neste momento, Deus dá a ele os sinais das chagas de Cristo, que são marcados em suas mãos, pés e lado: foi a primeira vez que isso aconteceu. Toda a vida de Francisco e, em particular, este milagre, foi uma demonstração clara de ele foi um “último” que se transformou no “primeiro”.

Como vicentinos, às vezes somos considerados um “fracasso”, porque abandonamos as coisas do mundo e vamos ao encontro dos Podres ou defendemos a Sua justiça, enquanto o “bom senso” nos levaria a dedicar nosso tempo a ganhar mais dinheiro poder ou glória. São momentos de profundo conteúdo evangélico. Nestes momentos, somente a relação direta com o Espírito Santo que está dentro de nós pode “marcar nossa vida com as chagas do Cristo”, fazendo com que nos sintamos os “últimos” do mundo e os “primeiros” de Deus.




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