«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Reflexão Vicentina 18-08-2019

Vigésimo Domingo do Tempo Comum
Leituras: Jer 38,4-6.8-10; Heb 12,1-4; c 12,49-53
"Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão que ele se acenda? tenho de receber um Baptismo e estou ansioso até que ele se realize".

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O Evangelho deste domingo é muito intrigante. Jesus está a caminho de Jerusalém, onde ia passar por sua paixão, morte e ressurreição. Temos a impressão de que Jesus fala com ira. Ele diz algumas frases dura e talvez um pouco difíceis de entender.

Jesus diz que veio "trazer o fogo à terra". No Antigo e Novo Testamento, o fogo tem diversos sentidos. Mas o maia importante no Novo Testamento, é o fogo que purifica e transforma. O fogo purifica porque é capaz de esperar metais que estão misturados: ao separá-los, faz que cada metal retorne à sua pureza original. Portanto, nos faz voltar ao mais íntimo e puro de nós mesmos. É aí que o fogo do Espírito Santo está: onde somos nós mesmos, sem nenhuma mistura mistura com o que necessitamos mostrar aos outros que somos, sem nenhuma mancha que o mundo nos impõe.

Mas o fogo também transforma. ele muda a forma dos materiais, derretendo-os e fazendo-os novos. É isso que o fogo do Espírito Santo faz também connosco: nos dá uma nova forma, uma conversão (nova versão de nós mesmos).

Como vicentinos, sabemos que o Espírito Santo está presente em particular nos Pobres (homens em situação de pobreza) que servimos. E Ele nos purifica e nos transforma. Com o "pobre", podemos ser puros, podemos ser nós mesmos. Ao mesmo tempo, quando quando vamos à casa "pobre", saímos transformados, convertidos. 

Jesus também diz no Evangelho que ele tem "de receber um baptismo e está ansioso para que ele se realiza". O baptismo é a sua passagem, sua paixão, morte e ressurreição. E o sinal do baptismo é a água. A água penetra em todos os lugares: em uma inundação, não há lugar onde a água não penetre, a menos que haja uma parede muito forte. Simbolicamente, então, diferente do fogo, a água do baptismo pode penetrar em nossas entranhas, no nosso íntimo. Para recebê-la basta que não criamos uma parede muito forte. Novamente, é o Espírito Santo indo dentro de nós para nos transformar: a paixão, morte e ressurreição de Jesus são esta água que toma conta de nossa entranhas e nos converte. Depois dela, já não somos os mesmos, porque somos "inundados" pelo amor de Deus. pelo Espírito Santo.

Finalmente, Jesus nos faz uma pergunta muito intrigante: "pensais que Eu vim estabelecer paz na terra?" E segue dizendo que veio trazer a divisão: "o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra". Que difícil entender o que Jesus quer dizer! 

O conceito de paz que nós como pessoas humanas temos (e que, em particular se tenha no tempo de Jesus) é o de um equilíbrio no medo, ou uma ordem que o mais forte impõe ao mais fraco ("paz romana", imposta pelas armas) Jesus vem nos dizer que a paz tem que ser obra de justiça e, portanto, ultrapassa este conceito de dominação e medo. que fazer conquistas e, portanto, temos que ser contra as estruturas dominadoras, sem medo. A paz de Cristo é, na realidade, fruto do amor, mas de um amor, desconcertante palas suas exigências: devemos inclusive "amar os nossos inimigos", como Ele nos diz no Evangelho.

Como vicentinos, sabemos que a justiça para os "pobres" é uma conquista. É parte de nossa vocação ajudá-Los para que encontrem a sua dignidade de pessoa humana e de filhos de Deus. Não é uma paz conquistada com armas, mas com amor, com a palavra e com o exemplo. Se estamos inundados pela água do Baptismo e transformados pelo fogo do Espírito Santos, seremos forme suficiente para dar a sentido à nossa vida e estabelecer a paz que o Cristo nos pede.


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