«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Os Preceitos e a paciência


Na Bíblia, em Provérbios, Capítulo 6 versículos 20-23, fala-nos dos preceitos como devemos guardar, tratar, servir e seguir os nossos deveres em relação com os nossos pais. O convite é individual e também vicentino na missão; ide e ensinai os preceitos aos nossos amigos e aos nossos filhos e diz-nos:

Meu filho, guarda os preceitos do teu pai
E não desprezes os ensinamentos da tua mãe.
Trá-los constantemente sobre o coração
E ligados em volta do pescoço.
Servir-te-ão de guia no teu caminho,
Velarão por ti, quando dormires
E falar-te-ão, quando despertares.
Na verdade, o preceito é uma lâmpada,
O ensinamento é uma luz
E a correção é o caminho da vida.

A nossa vida nos ensina a relação de afetos e de amor quando estamos a tratar dos nosso pais porque são idosos, doentes sem forças para caminhar, ou sem capacidades para serem autónomos, mas, todos nós sabemos o quanto é doloroso pela falta de paciência que temos muitas vezes com os nossos pais. Sabemos e constatamos que muitas vezes que a nossa mãe ou o nosso pai, nos lembra das coisas mais que uma vez, está sempre a repetir a mesma coisa sei lá quantas vezes no inicio do dia, é ao almoço ou quando vamos sair, ela está sempre a repetir: Meu filho não te esqueças de levar agasalho. Olha; não te esqueças de dizer ao teu filho que tenha cuidado na escola. Não te esqueças de levar a botija para te aquecer os pés agora no inverno. A nossa mãe está sempre a repetir sempre a mesma coisa quantas e quantas vezes… Olho para ela ou para ele e penso um dia eu não os vou mais ter por perto, um dia vamos sentir a sua falta dos dois. Vai chegar a altura que vamos ter saudades e desejaríamos tê-los de novo ao nosso lado, mas não vai ser assim. Quantas vezes estas lembranças são ditas sem conta.
Te poderei dizer, tem paciência para com os teus pais, tem paciência e ajuda-os na sua caminhada que falta. Têm paciência… Por isso a partir de hoje, se estiveres longe… liga-lhes e fala com eles. Se estás em casa, senta-te ao lado deles e abraça-os, beija-os e se for caso disso, diz-lhe que amanha estas outra vês sentado aos pés deles.
Na primeira parte da bíblia em provérbios e da segunda em que o convite é feito para termos paciência, vou deixar uma carta como se fosse uma mensagem dos nossos pais dirigida a cada um de nós que gostaria que depois possam ler com calma.


Meu amado filho
Minha amada filha.

No dia em que teu velho não for mais o mesmo tem paciência e compreende-me. Quando deixar cais comida sobre a minha camisa ou as milhas saias e quando me esquecer como de atar os meus sapatos, tem paciência comigo e lembra-te das horas que passei a ensinar-te a fazer as mesmas coisas. Se conversares comigo e se repetir as mesmas estórias que já sabes como terminam, não me interrompas escuta-me, quando eras criança para dormires tive que te contar milhares de vezes a mesma estória até que fechasses os teus pequenos olhinhos. Quando estivermos reunidos e sem crer fizer as minhas necessidades não fiques com vergonha de mim, compreende que não tenho culpa disso pois já não poderei controlar. Pensa quantas vezes pacientemente eu troquei as tuas roupas, te limpei e sempre limpo e a cheirar bem e não me reproves se eu não quiser tomar banho, mas tem paciência comigo. Lembra-te dos momentos que te persegui e os mil pretextos que inventavas para me convencer a não tomar banho!
Quando me vires inútil, ignorante na frente das novas tecnologias ou no telemóvel, peço que me dez todos o tempo necessário e não me critiques com o sorriso sarcástico, lembra-te que foi eu que te ensinei também coisas, ensinei a comer, a vestir, a andar isso foi o esforço da minha perseverança. Se em algum momento ao conversarmos com eu me esquecer de que estávamos a falar tem paciência, não grites comigo e ajuda-me a lembrar, talvez a única coisa importante naquele momento seja o facto de ver vocês perto de mim dando-me atenção. Se alguma vez não quiser comer, que tu saibas insistir com carinho assim como eu fiz tantas vezes contigo. Que também compreendas que com o tempo não terei dentes fortes e nem agilidade para engolir e tu deverás colocar a comida na minha boca, tem paciência comigo e quando as minhas pernas falharem por estarem tão cansadas e eu já não mais conseguir equilibrar com ternura da minha mão para me apoiar como fiz quando tu, começas-te a caminhar com as tuas peninhas frágeis. E se algum dia me ouvires dizer que não quero mais viver, não te aborreças comigo, algum dia entenderás que não tem haver com o teu carinho ou com quanto te amo. Compreende para mim como é, difícil ver a vida abandonando aos poucos o meu corpo que é duro de medir, já não tenha mais vigor para correr ao teu lado, ou para te tomar nos meus braços como antes. Sempre quis o melhor para ti e sempre me esforcei para que o teu mundo fosse mais confortável, mais belo, mais florido e até quanto me foi terei deixado para ti outra rota em outro tempo, mas estou certo de estar sempre presente no teu pensamento. Não te sintas triste ou impotente e se me vires assim com um andarilho, não me olhes com cara de pena, dá-me apenas o teu coração, compreende-me e acolhe-me como quando começaste a viver, isso me dará muita força e muita coragem da mesma maneira que te acompanhei no início da tua jornada. Peço-te que me acompanhes para terminar a minha, não me deixes sozinho, trata-me com amor e paciência e eu te devolverei sorrisos e gratidão com mesmo amor que sempre tive por ti.
Atenciosamente teu Pai ou a tua Mãe.   
 Pe.Christian-CN  

2 comentários:

  1. Lindo e terno texto. Na minha humilde opinião sensibiliza qualquer filho/a.
    Toda esta situação todo o Ser Humano passa.
    Bem Haja meu Bom Amigo,
    Maria do Céu

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