Antes de
transcrever na integra, a 3.ª número das Crónicas Vicentinas do Pres do CGI eu,
sinto que tenho de lançar um pensamento aos confrades, a que todos saiam da sua
zona de conforto e pensemos um pouco: “a final o que fazemos”, nossos confrades
na forma que colocam na sua metodologia a prática de caridade na Sociedade nas
respostas que vamos dando?
Existe
Conferências que fazem o seu trabalho na base da entrega de bens recebidos pelo
B.A., ou outras situações de socorro e não sabemos notícias de que: A
conferencia tal, ajudou, colaborou com os assistidos na promoção pessoal, no
libertar da dependência da saca, do vale na forma de que os assistidos passaram
da condição de pedinte para uma situação de oferta, não tenho conhecimento.
Tenho pedido para que às conferências nas suas prestações de contas ao fim do
ano escrevam no seu relatório final as atividades de uma forma geral, como tem
funcionado ou funcionaram no ano terminado. Pensam: É para estatísticas […] Há
isso é para os países em subdesenvolvimento […] mas, cá dentro, nem isso
acontece na informação de divisão para efeitos de estatísticas, pois há conferências
que são parcos em respostas.
Faço a pergunta para quem não
percebeu:
Será que nos
sentimos satisfeitos com a assistência da saca, do vale e, chega à conferência
informando que em conjunto com outros ou sozinhos: ajudaram fulano e beltrano a
estudar, arranjar trabalho, a deixar de viver na rua, a pedir? Já não falo nas
estruturas ligadas à igreja pois em alguns casos também estão numa zona de
conforto […] e vivem a paredes meias com a realidade o “Pobre faz da rua o seu
lar”.
Ao título
acima, poderia colocar como abriria esta crónica, mas prefiro deixar a quem tem
direito de explicar a forma de AGIR; assim à pergunta ou desafio que lancei
dará o nosso 16 presidente do CGI Renato Lima nas sua 3ª Crónica Vicentina.
Espero, que cada um encontre a sua resposta e se tem duvidas reze a Deus e
peça-lhe ajuda…
Só existe mudança com mobilização.
Uma das
propostas mais interessantes que a Família Vicentina já fez aos ramos que dela
fazem parte (como a Sociedade São Vicente de Paulo) é o Projeto “Mudança
Sistémica” ou “Mudança de Estruturas”. Essa iniciativa pretende romper a
tendência de pobreza e promover, efetivamente, as famílias mais humildes de
todo o planeta. Algumas Conferências Vicentinas que experimentaram e praticaram
essas ideias viram os inúmeros benefícios gerados para as pessoas atendidas.
Mas de nada
adianta propor um projeto revolucionário como a “Mudança de Estruturas” se duas
condições não ocorrerem simultaneamente. A primeira passa pela transformação
pessoas dos confrades, que precisam também “mudar” em sua forma de enxergar a
pobreza e “mudar” as estratégias de reduzi-la. A segunda condição tem a ver com
a mobilização social para a verdadeira mudança. Só existe mudança se houver
forte mobilização social, tanto dos Vicentinos quanto dos assistidos.
Se os
assistidos não se mobilizarem, serão eternamente socorridos e ficarão “dependentes
das doações de alimentos, roupas e utensílios feitos, arranjados pelas
Conferências”. Por outro lado, se os vicentinos não se mobilizarem, a
assistência prestada aos mais carentes se resumirá a uma mera entrega de
alimentos, desprovida de estímulo, vontade e garra para vencer na vida. Sem
mobilização popular, a caridade junto aos mais necessitados, às pessoas em
situação de pobreza torna-se quase uma ação filantrópica; benemérita com
certeza, mas muito frágil em suas estruturas.
Nesta linha de
análise, «diz Renato Lima», também podemos afirmar que não existe “sociedade
saudável” quando há miséria ao nosso redor. Afirma ainda com um sentido muito
critico: De que adianta termos “Ilhas de desenvolvimento” se, ao nosso lado, um
irmão está sofrendo ou dorme debaixo de papelões nas noites frias das nossas
cidades? Uma sociedade saudável – conceito moderno que vem sendo utilizado
pelos organismos internacionais que atuam no campo da superação da pobreza – é
aquela em que a desigualdade social é reduzida e as oportunidades são para
todos.
Mudar a
sociedade em que vivemos pode parecer uma tarefa complexa e, acima de tudo,
muito além de nossas forças. Mas é responsabilidade de todo cidadão, ainda mais
se for cristão e vicentino, melhorar esse mundo injusto e deplorável em que
vivemos. Se não, de que adianta participarmos de uma Conferência Vicentina?
Somos vicentinos e vicentinas para sermos “soldados de Cristo” na construção de
um mundo mais fraterno e melhor ou apenas para agradar nossa família, o
sacerdote, o bispo ou os amigos?
É por isso que
não me canso “o 16 presidente do CGI” de defender, em minhas crónicas, que o
trabalho excecional desempenhando pelas Conferências vicentinas precisa ser
modernizado no sentido de agregar novos elementos, como a participação popular
e o engajamento da sociedade nas ações que realizamos na comunidade. Doar
cestos básicos a quem precisa, qualquer pessoa pode fazer, até um ateu de boa
vontade; mas «doar-se a si próprio», de tal maneira, a ponto de indignar-se com
a exclusão social e colocar a “mão na massa” para reverter tendências, isso é
para poucos! […]
Portanto, é
preciso que as nossas Conferências saiam da rotina, da zona de conforto […] e
busquem um novo olhar sobre a atuação implementada durante as visitas
domiciliárias e também na gestão das obras sociais. Podemos fazer muito mais,
até com menos dinheiro, (já me disse alguém; que não seja por falta de dinheiro
que não se faça Obras), se mudarmos a postura e incorporarmos a verdadeira
dimensão da caridade, que envolve, acima de tudo, mobilização. Recordemos das
passagens bíblicas em que os enfermos, de alguma maneira, mobilizaram-se para
ver ou tocar em Jesus, pois sabiam que desta maneira seriam salvos e curados. E
nós, mobilizamo-nos para a prática da caridade com eficiência?
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