"A Missão dos pobres na Igreja"
a partir do Concilio Vaticano II
Em 2015, a Igreja católica celebrou o quinquagésimo aniversário do
encerramento do Concílio Vaticano II, que representa um ponto alto da sua
história de dois mil anos. No final daquele evento, inspirados pelo que se
fazia e dizia na Aula conciliar, cerca de quarenta bispos de vários países
reuniram-se nas catacumbas de Domitila para assinar o que hoje se conhece por O
Pacto das Catacumbas de Domitila, um texto e projeto que manifesta a «Missão dos
pobres na Igreja». Hoje existe opinião por parte do setor clero que o pacto
deva ser conhecido dos cristãos, que outrora pouco divulgado, mas o Papa
Francisco, lembrou que era ocasião do cinquentenário para celebrar, lembrando o
espirito do Vaticano II o Pacto das catacumbas de Domítila pode e deve servir
de inspiração e orientação para toda a Igreja.
Nós, bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos das
deficiências da nossa vida de pobreza segundo o Evangelho, incentivados uns
pelos outros, unidos e com a graça de Deus nos quer dar, comprometemo-nos aos
que se segue:
No
dia 16 de novembro de 1965, poucos dias antes do encerramento do Concílio,
cerca de quarenta Padres conciliares celebraram uma Eucaristia nas catacumbas
de Domitila. Pediram para «ser fieis ao espirito de Jesus» e, ao terminar a
celebração assinaram o que chamarão de «Pacto das Catacumbas». O Pacto é um
convite aos «irmãos no episcopado» para que levem uma «vida de pobreza» e sejam
uma Igreja «serva e pobre» como queira João XXIII. Os signatários – entre eles
muitos latino-americanos, aos quais se uniram depois outros – comprometiam-se a
viver em pobreza, a rejeitar todos os símbolos ou privilégios de poder e a
colocar os pobres no centro do seu ministério pastoral.
1.) Procuraremos viver segundo o modo
ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, à alimentação, aos
meios de locomoção e a tudo que daí se segue. Cf.Mt 5,3;6,33s;8,20.
2.) Renunciamos para sempre à
aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas,
cores berrante), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos ser, com
efeito, evangélicos). Cf. Mc 6,9;Mt 10,9s; At 3,6. Nem
ouro nem prata.
3.) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis,
nem conta em banco, etc., em nosso próprio nome; e, das obras sociais possuir,
poremos tudo no nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas. Cf. Mt
6,19-21; Lc 12,33s.
4.) Sempre que possível, confiaremos a
gestão financeira e material na nossa Diocese a uma comissão de leigos
competentes e cônscios do seu papel apostolado, em vista de sermos menos
administradores do que pastores e apóstolos. Cf. Mt 10,8; At 6,1-7.
5.) Recusamos ser chamados, oralmente ou por
escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder (Eminência,
Excelência, Monsenhor…). Preferimos ser chamados com o nome evangélico de
Padre. Cf. Mt 20,25-28; 23,6-11; Jo 13,12-15.
6.) No nosso comportamento, nas nossas
relações sociais, evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios,
prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos (ex.:
banquetes oferecidos ou aceites, classes nos serviços religiosos). Cf. Lc
13,12-14; 1Cor 9,14-19.
7.) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou
lisonjear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a
solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. Convidaremos os nossos fieis a
considerarem as suas dádivas como uma participação normal no culto, no
apostolado e na ação social. Cf. Mt 6,2-4; Lc 15,9-13; 2Cor 12,4.
8.) Daremos tudo o que for necessário do
nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc, ao serviço apostólico e pastoral
das pessoas e dos grupos operários e, economicamente mais débeis e
subdesenvolvidos, sem que isso prejudique as outras pessoas e grupos da
diocese. Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor
chama a evangelizarem os pobres e os operários, compartilhando a vida operário
e o trabalho. Cf. Lc 4,18s; Mc 6,4; Mt 11,4s; At 18,3s; 20,33-35; 1Cor 4,12
e 9,1-27.
9.) Cônscios das exigências da justiça e da
caridade e das suas relações mútuos, procuraremos transformar as obras de
«beneficências» em obras sociais baseadas na caridade e na justiça, que levam
em conta todos e todas as exigências, como um humilde serviço dos organismos
públicos competentes. Cf Mt 25,31-46; Lc 13,12-14.33s.
10.) Poremos tudo em obras para que os
responsáveis pela governação e pelos serviços públicos decidam e ponham em
prática as leis, as estruturas e as instituições sociais necessárias à justiça,
à igualdade e ao desenvolvimento harmonioso e total do homem todo em todos os
homens e, por aí, ao advento de uma outra ordem social, nova, digna dos filhos
dos homens e dos filhos de Deus. Cf. At 2,44s; 4,32-35; 5,4; Cor 8-9; 1 Tim 5,16.
11.) Uma vez que a colegialidade dos bispos
encontra a sua realização mais evangélica na assunção do encargo comum das
massas humanas em estado de miséria física, cultural e moral – dois terços da
humanidade – comprometemo-nos:
- a participar, segundo os nossos meios, dos investimentos urgentes dos episcopados das nações pobres;
- a requerer, juntos, ao plano dos organismos internacionais, mas testemunhando o Evangelho, como o fez o papa Paulo VI na ONU, a adoção de estruturas económicas e culturais que não produzam mais nações proletárias num mundo cada vez mais rico, mas sim permitam às massas pobres saírem da sua miséria.
12.) Comprometemo-nos a partilhar, na
caridade pastoral, a nossa vida com os nossos irmãos em cristo, sacerdotes,
religiosos e leigos, para que o nosso ministério constitua um verdadeiro
serviço; assim:
- esforçar-nos-emos para, com eles, «rever a nossa vida»;
- segundo o espirito, do que chefes segundo o mundo;
- procuraremos a ser o mais humanamente presentes, acolhedores…;
- mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião. Cf. Mc 8,34s; At 6,1-7; Tim 3,8-10.13)
13.) Tornados às nossas respectivas dioceses;
daremos a conhecer aos nossos diocesanos a nossa resolução, rogando-lhes que
nos ajudem com a sua compreensão, o seu concurso e as suas preces.
Que Deus nos ajude a ser fieis.
Mensagem final aos caros confrades.:
«Nesta pequena parte do livro 2.ª Edições Paulinas, o mais importante a conhecer dos 13 pontos do Pacto, para nós vicentinos que possa dizer respeito especialmente ao nosso conselho, com responsabilidades de dinamizadora, de gestão, de serviço nas nossas conferências, servirá de estudo, reflexão interior mas, acima de tudo que sirva de convite ao aperfeiçoamento de sermos também, membros de uma Igreja pobre...
«Nesta pequena parte do livro 2.ª Edições Paulinas, o mais importante a conhecer dos 13 pontos do Pacto, para nós vicentinos que possa dizer respeito especialmente ao nosso conselho, com responsabilidades de dinamizadora, de gestão, de serviço nas nossas conferências, servirá de estudo, reflexão interior mas, acima de tudo que sirva de convite ao aperfeiçoamento de sermos também, membros de uma Igreja pobre...
Não faz sentido que um vicentino pelo
compromisso assumido, não seja a exemplo dos signatários em Domitila, não se
incluíam na vida vicentina, seguindo uma vida de pobreza, contando sempre com a
graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Faz sentido que sejamos pobres nas nossas
opções de escolha de vida e gestão dos bens a nós confiados. Um vicentino deve
ser «Em Missão dos pobres na Igreja», como actores da fé. Sem ter que fazer uma vida de mendicidade, não é esse o nosso lema, como primeiro passo a
dar por quem vos confia este texto, assim irá seguir ajudando daquelas
precisem. Este compromisso teve como signatários os Padres presentes em
Domitila, mas sobre ele, foi pedido que fosse dado a conhecer para todos
cristãos. Espero que este pequeno texto possa tornar um farol um guia na nossa
vida e missão…»
Louvado Nosso Senhor Jesus Cristo.
Muito Bom, não tinha este conhecimento. Parabéns.
ResponderEliminarAqui se pode colocar a questão da esmola ou da coleta entre nos vicentinos. Esmola é partilhar uma parte a favor dos que menos tem. Um rico se tem algum que considere de sobra, deve partilhar com quem nao tem muito. Foi assim entendido entre os padres conciliares.
ResponderEliminarColeta tera o mesmo sentido mais mais um sentido mais lato.
Coleta e uma recolha entre pessoas num grupo que tem a seu cargo e rrsponsabilidade pesoas ou familias para que possam ter o que lhes faz falta. Portanto a recolha de uma coleta e tambem partilha com outros grupos, dentro das comunidades que sao a Igreja mais pobres.
O que diz Pacto das Catacumbas:
ResponderEliminar«Esmola» A partir de uma leitura radical da tradicao profética de Issrael, Jesus é o Novo Testamento entenem a esmola como verdadeira «justiça».Mt 6,2-4. Neste sentido, os bens de cada crente (daqueles que crê no Reino de Jesus) devem, diria eu,deveria converter-se em «esmola» para os demais.
«Coleta». As igrejas partilham os seus bens pelas comunidades mais pobres.
Continuo. Uma coleta ou contribuição como consta dos regulantos nao e um pagamento mas antes uma contribuição para o bem comum a ser distribuida pela SSVP pelo mundo. Os vicentinos nao podem ter ideias caciques, pois o ideal da Sociedade é universal.
ResponderEliminarContribuir é depois partilhar ou distribuido por aqueles que solicitam ajuda. A nivel da diocese no que diz cota parte respeito tem ajudado muitas conferencias com medicamentos, próteses, pagamento de consultas entre tantos.