«Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Ajudar "pessoas em situação de pobreza", deve ser sempre um remédio provisório. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho» Laudato Si: página 88.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

José Joaquim “Sena de Freitas”.

1.º Presidente da Conferência São Luis de Paris-Lisboa

«SENA DE FREITAS» “Padre Vicentino”

Cardeal Patriarca de Lisboa numa deslocação a Felgueiras, norte de país, aborda Padre Sena de Freitas. A casa das Artes de Felgueiras recebeu numa sexta-feira D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa, em conferencia de imprensa intitulada “Padre Sena de Freitas, uma figura da Igreja”.
Sena de Freitas, autor uma vasta e multifacetada obra, abrangendo as áreas da teologia, da filosofia, da pedagogia, da literatura e critica literárias, do jornalismo, da politica e da parenética, arguto e especial atenção à história da sociedade portuguesa, excelente orador no «Portugal Contemporâneo» de oitocentos e inícios do Século XX.
Expresso Felgueiras; 07-2016

- Sena de Freitas, de nome completo, José Joaquim Sena de Freitas, nasceu em Vila Franca do Campo, Ponta Delgada, na Ilha de S. Miguel, no dia 21 de Julho de 1840. Filho do historiador Bernardino José de Sena de Freitas e da Maria José de Brito Mascarenhas que faleceu cedo, deixando José Joaquim com três anos apenas sem os cuidados e aconchego maternos, o que terá influenciado o pequeno Sena de Freitas no seu temperamento que se tornou inquieto, ansioso, rebelde até.
Mas logo de pequeno revelou, já na escola, forte personalidade, grande inteligência e ousadia de opinião. Como também logo cedo revelou forte inclinação para a religião, tendo-se tornado, por vontade própria, Menino do Coro da Igreja local, organizando na Ermida de Nª. Sª.  da Vitória, tendo especial satisfação em tocar o sino da Igreja.
Em Santarém fez os seus estudos secundários que veio a concluir no Seminário de Coimbra em 1858, tendo seguido para Paris, aí se instalando em São Lázaro, Casa da Congregação da Missão, fundada por são Vicente de Paulo em cuja mística se deixou mergulhar. Aí concluiu o seu curso de Teologia, tendo feito votos em 1862, embarcando para o Brasil em 1865, onde missionou. Professor em Santa Quitéria, já em Portugal (1878), mas frequentemente doente e sem facilidade de adaptação a uma vida de comunidade, várias vezes pediu demissão de votos, embora tenha ficado sempre em ótimas relações com a Congregação cujo provincial muito o apreciava.
Em Portugal, como professor de um colégio na Estefânia, celebrava missa em Arroios, instalando-se sempre, nas terras por onde peregrinava, nas casas dos Lazaristas. Sena de Freitas, escreveu várias obras do que cita alguns: - O milagre e a critica moderna – No presbitério em no tempo, 2 volumes – Evangelho segundo Renan – Tenda do mestre Luvas (romance) – A carta e o homem da carta – O sacerdócio eterno – A palavra do semeador, 3 volumes – Conversa sobre patriotismo hodierno – discursos – A religião em face da política –
Orações fúnebres: - a José Bonifácio; - a D. Luís I; - ao Conde de São Salvador de Matosinhos.
Também escritos com o titulo: A Alta Educação do Clero; podem consultar os escritos em: http://www.nch.pt/biblioteca-virtual/bol-nch14/n14-20.html com prefácio de D. Manuel Clemente, Cardeal patriarca de Lisboa.
Embora dado às letras, chegara à conclusão que a Caridade estava à frente e acima das letras em que, aliás, fulgurantemente se impunha. Por isso a sua paixão pela mística vicentina. Sena de Freitas nas suas viagens por paris, Londres e aos sertões do Brasil, muitas vezes era um incómodo para Portugal. Não parava. Um dia em Lisboa, outro no Minho. Subia aos paços Episcopais, falava a banqueiros e empresários, a operários ou estudantes. Ora se era aceite, sorria ora se não era aceite insistia nos seus projetos.
Como Vicentino é assim que entra encena e durante as suas viagens e peregrino em missão como padre Lazarista, Sena de Freitas percorreu o País sobretudo no norte, em que não perdeu oportunidade de divulgar o espirito vicentino, nessa zona do País a que tornou mais sensível as gentes cristãs dessas terras.
Ainda em 1859, Sena de Freitas, junto do Padre Miel, trabalhou pela fundação da 1.ª Conferência de São Vicente de Paulo em Portugal – a Conferência de São Luis, Rei de França, fundada em Lisboa; colaborou com o engenheiro Barros Gomes na tradução do velho Manuel da SSVP-sociedade de São Vicente de Paulo.
Em 1877, passando por Braga, aí fundou uma Conferência (a 3.ª em Portugal).
Em 1879, após uma reunião no palacete da Condessa de Azevedo, com 300 presenças, falou de tal maneira sobre a vocação e missão da Sociedade S. Vicente de Paulo, que logo foi fundada no Porto a Conferência da Imaculada Conceição; em Santo Ildefonso a 4.ª Conferência em Portugal.
Em Guimarães, foi violentamente atacado por gente de feição maçónica, porque efetuara uma sessão no palacete do Conde de Vila Pouca e não numa Igreja. Retorquiu que faria a reunião em qualquer espaço, ainda que um barracão, se tivesse iguais dimensões.
Em 1880, passando por Penafiel, aí fundou a Conferência de Nossa Senhora do rosário e, seguindo até Coimbra, nesse mesmo ano, iria fazer nascer aí a Conferência Académica.
Aí começou por procurar D. Manuel Correia de Bastos Pina, o Arcebispo-Conde, que se entusiasmou com a fundação de uma Conferência vicentina para a qual se propôs como Presidente. Sena, compreendeu que o bondoso prelado desconhecia o caráter leigo da sociedade. Abordou então o catedrático Dr. Lino, seu amigo e falou ainda com o seu velho amigo Almeida Silvano, futuro professor do seminário de Lamego.
E numa sala do Palácio dos Coutinhos falou aos estudantes. Assim fundou a 1.ª Conferência Académica.
Ainda em 1844, contribuiu para a instituição em Lisboa do primeiro Conselho Particular da Sociedade em Portugal.  
Modelo vicentino, sem dúvida, porque o seu espírito vicentino motivou inúmeras vocações e adesões à Sociedade S. Vicente de Paulo.
Mas doente, perseguido pelas suas ideias, muito sofreu no Brasil, onde morreu em 1913.
Sofreu muito, lotou muito. Escreveu e trabalhou muito. Serviu muito. Amou muito.
Quando morreu tinha acabado de escrever as palavras – “Jesus Cristo”, esse Jesus simples, sem coroa, apenas servidor e amante dos pobres, como o de S. Vicente Paulo. Sena de Freitas, mais tarde, foi justamente e publicamente apreciado. Não só na Congregação dos Provinciais pelos Superiores, pela própria Igreja em que chegou a ser Cónego da Sé Patriarcal de Lisboa, como várias cartas e artigos a eles se referiram elogiosamente, em 19 de Dezembro de 1921, sido promovido pela Juventude Católica uma homenagem à memória do padre Sena de Freitas.
Finalmente, em 26 de Julho de 1968, foi elevado em Ponta Delgada, no jardim com o seu nome, uma estátua a este ilustre polígrafo açoriano.
José Joaquim Sena de Freitas, sem dúvidas modelo vicentino, imitado e seguido por tantos, sobretudo pelos que vieram a formar as Conferências de São Vicente de Paulo, que fundou, fez fundar, cuja o espírito vicentino propagador em Portugal, espírito até então desconhecido. 

Padre Sena de Freitas

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