São Vicente de Paulo ou Senhor Depaul, como
gostava de ser conhecido e assinar os seus escritos numa carta dirigida a Luísa de
Marillac , com data de 21 Julho em 1635, Vicente diz ter sido
objecto de escárnio quando apresentou um projecto para solucionar o problema
dos pobres em Mâcon.
Na verdade toda a cidade contava com umas
centenas de mendigos. Vagueavam pelas ruas, assustavam as mulheres e crianças,
pediam esmola e de vez enquanto aproveitavam uma distracção dos comerciantes
para roubar comida e outras na defesa da sua subsistência. Além de mendigos
havia um sem número de famílias que, por vergonha, ocultavam o seu estado de
miséria e muitas delas trabalhavam como escravos, recebiam um salário miserável
mas sujeitavam-se a trabalhar para sustentar as suas famílias. Gentes que
sofriam em silêncio.
Os problemas dos pobres, a instabilidade social a eles estava associada,
exigiam uma solução pois a pobreza atingia de tal forma que teve como
necessário, apresentar um projecto às autoridades locais, magistrados, clérigos
e comerciantes que o julgando de excessivo, por crer acabar com a mendicidade,
para além de o julgarem como um clérigo arrogante e de mau feitio, todos se
riam dele. Determinado, em primeiro lugar efectua um levantamento do número de
homens e mulheres que faziam da rua, as suas próprias casas e da mendicidade
uma profissão. Esse número atingiu 300 almas. Foi aqui que fundou duas
Confrarias da Caridade: uma para homens, outra para mulheres. Como é normal em
qualquer cidade havia a preocupação restabelecer a ordem pública. Nasce os
estabelecimentos chamados Hospitais Gerais, que diga-se em boa verdade pouco
dignas pois se assimilavam a uns armazéns, sem condições, onde as autoridades
depositavam os indesejados da sociedade; pobres, mendigos, vagabundos,
prostitutas, ladrões, doentes entre outros. Depois do levantamento que referi
acima, S. Vicente, recebia algum dinheiro de pessoas abastadas e ao domingo,
depois da Missa, distribuía pão, dinheiro e no inverno, lenha. Aos pobres
viajantes, cuidava de oferecer um lugar onde pernoitar, preocupando-se que pela
manhã houvesse qualquer coisa de comer. Algumas vezes completavam com algum
dinheiro aos trabalhadores o que ganhavam, mal dava para o sustento da família.
Uma vez por semana reuniam-se, era feita uma actualização na lista os casos que
eram resolvidos e outros casos eram atribuídas, castigos, a quem não cumprissem
com o regulamento.
S. Vicente, conseguir com os resultados da Grande Caridade, aqueles que o
escarneciam dele no princípio, comovidos choravam de alegria. S. Vicente, no
dia que se despediu da cidade e incomodado e pouco habituado a esse tipo de
comentários viu-se obrigado a sair da cidade às escondidas.
Apraz-me registar aqui e agora, os problemas do século dezassete não são
muito diferentes dos de hoje. Embora haja a considerar no nosso século, esteja
mais justo mas não deixa de haver os pobres que se escondem de vergonha,
trabalhadores precários, muito desemprego que logo gera desigualdades sociais,
(mesmo que os nosso governantes queiram contrariar), começa a surgir famílias que
fazem da rua a sua casa para dormir e, começam a socorrerem-se das instituições
por um prato de comida. E a educação! A saúde! Surge alguns resultando de casos
divórcios combinados para fugirem aos impostos!
Outro aspecto é que já nesse tempo São Vicente de Paulo, viu com as
Confrarias da Caridade, tinha de criar regras na distribuição dos bens.
No nosso século, sinto realmente que as nossas organizações de
solidariedade sociais se devem entender ou não na divulgação de alguns dados
pessoais tais como; nomes, moradas e identificação segurança social. A não
haver alguma organização séria, responsável e sigilo, poderá haver
famílias seriamente prejudicadas. É tempo de ser revista estes critérios
de controlo.
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